Difícil de compreender, duro de trabalhar e tido como insubstituível  por muitos fãs e investidores da Apple, Steve Jobs tem levado a vida  desafiando expectativas e convenções.
E apesar de anos demonstrando sinais de saúde fragilizada, sua  renúncia da presidência-executiva da Apple foi manchete no mundo  inteiro, com todos imaginando o futuro de um ícone e da companhia que  ele simboliza.
“Steve Jobs é o presidente-executivo mais bem-sucedido do mundo  corporativo dos Estados Unidos dos últimos 25 anos”, disse o chairman do  Google, Eric Schmidt, que era membro do Conselho da Apple mas renunciou  devido a conflito de interesses. “De maneira única ele combinou um  toque de artista com uma visão de engenheiro para erguer uma companhia  extraordinária, é um dos maiores líderes da história dos EUA”,  acrescentou em comunicado.
Arte/Folha
 
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 Jobs abandonou os estudos e foi para a Índia em busca de orientação  espiritual antes de fundar a Apple –nome que ele sugeriu a seu amigo e  co-fundador da empresa Steve Wozniak após ter visitado uma comunidade no  Estado norte-americano do Oregon, a qual ele se referiu como “um pomar  de maçãs”.
Com sua paixão por design minimalista e marketing genioso, Jobs mudou  o curso da computação pessoal e transformou o mercado da comunicação  móvel.
O dispositivo de música iPod, o iPhone –chamado de “telefone de  Jesus” por seus “religiosos” seguidores– e o tablet iPad são criações de  um homem conhecido por seu quase obsessivo controle pelo processo de  desenvolvimento de produtos.
“A maioria dos meros mortais não pode entender uma pessoa como Steve  Jobs”, disse o ex-funcionário da Apple Guy Kawasaki. “Ele tem um sistema  operacional diferente.”
Carismático, visionário, implacável, perfeccionista, ditador –essas  são algumas das palavras que as pessoas usam para descrever a figura de  Jobs, que pode ser o maior sonhador que o mundo da tecnologia já viu,  mas também um exímio empresário e negociador.
“Steve Jobs é um gênio do mundo dos negócios da nossa geração”, disse recentemente a ex-presidente do eBay Meg Whitman.
Bill Gates, co-fundador da Microsoft, tem chamado Jobs de a pessoa  mais inspiradora da indústria tecnológica e o presidente dos Estados  Unidos, Barack Obama, o classifica como a personificação do “American  Dream”.
É difícil de imaginar, mas rejeição, fracasso e má sorte também fazem parte da história de Jobs.
Jobs foi abandonado ao nascer, retirado da Apple em meados da década  dos anos 1980 e enfrentou um câncer quando finalmente voltou ao topo.  Sua renúncia como presidente-executivo, anunciada na quarta-feira, vem  em uma idade relativamente jovem de 55 anos.
“Eu sempre disse que, se houvesse um dia em que eu não pudesse mais  cumprir meus deveres e atender às expectativas como presidente-executivo  da Apple, eu seria o primeiro a informá-los. Infelizmente, esse dia  chegou”, escreveu Jobs em curta carta.
Uma fonte próxima a Jobs disse que ele pretende continuar na ativa com seu novo posto de chairman da Apple.
Jobs foi adotado e cresceu com uma família do Vale do Silício, celeiro de empresas de defesa e de tecnologia de ponta.
Seu amigo Bill Fernandez apresentou Jobs ao então novo engenheiro  Wozniak, e os dois Steves começaram uma amizade que culminou no  nascimento da Apple Computer.
“Woz é um engenheiro brilhante, mas não é um empreendedor, e aí que  Jobs aparece”, comentou Fernandez, que foi o primeiro empregado da  Apple.
| Ryan Anson/France Presse | ||
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| Steve Jobs mostra a versão branca do iPhone 4 à época do lançamento | 
DUAS TENTATIVAS
Jobs criou a Apple duas vezes: quando fundou a companhia e de novo  quando voltou ao comando da empresa para salvá-la. A Apple agora  rivaliza com a petrolífera Exxon Mobil pelo posto de companhia aberta  mais valiosa com ações negociadas em Bolsa nos EUA.
Jobs deixou a Apple em 1985 depois de uma disputa com o então  presidente-executivo da empresa John Sculley sobre o direcionamento  estratégico da companhia.
Ele voltou para a Apple cerca de uma década depois, trabalhando como  consultor. Logo ele estava no comando, para o que é conhecido como o  segundo ato de Jobs.
Jobs já reinventou o mundo da tecnologia por quatro ou cinco vezes,  primeiro com o Apple II, um computador pessoal nos anos 1970; então nos  anos 1980 com o Macintosh; com o iPod em 2001; o iPhone em 2007; e o  iPad em 2010, que um ano depois do lançamento superou o Macintosh em  vendas.

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